Vista da praia no Quilombo de São João Cortês, Alcântara, Maranhão © 2024 Luis Claudio Leitão Costa
Sobre Nós
Nós, dos Quilombos de Alcântara, somos uma força coletiva comunitária enraizada no pertencimento aos territórios étnicos e na identidade – protegemos e celebramos nosso conhecimento tradicional e modos de vida que resistiram a décadas de deslocamento e violência estatal. Juntos, nós, os Quilombos de Alcântara, permanecemos resilientes apesar das forças neocoloniais que, décadas atrás, desarraigaram centenas de nossas famílias de suas terras e que hoje ameaçam fazer o mesmo com muitas outras famílias.
Hoje, nós, Quilombos, estamos unidos para fortalecer nossos laços comunitários e bem-estar por meio de nossa abordagem coletiva à posse da terra, práticas de desenvolvimento econômico e celebrações culturais que mantêm nossas tradições e espírito vivos – ressoando com muitos ao redor do mundo.
Vista da praia no Quilombo de São João Cortês, Alcântara, Maranhão © 2024 Cat Diggs
“Aqui, uma das coisas que ainda valorizamos muito é o respeito pelos mais velhos. O coletivo. Aqui, ainda fazemos muito do nosso trabalho em grupos. Temos respeito pela natureza. Entendemos que só teremos o amanhã se respeitarmos o que temos hoje.”
– Dorinete Serejo Morais, Canelatiua – Coordinator of MABE, Community Health Worker, & Community Leader

Vista aérea do Quilombo de São João Cortês, Alcântara, Maranhão © 2024 Davi Pereira Júnior
ATEQUILA
Segundo o Dr. Davi Pereira Júnior, a Associação do Território Étnico de Alcântara (ATEQUILA) "é uma construção coletiva das comunidades e de seus movimentos sociais representativos e uma resposta ao sinal dado pelo Estado brasileiro de que cumpriria suas obrigações constitucionais e o direito internacional." A coletividade, oficialmente formada em 2018, representa cerca de 71% da população do município, abrangendo quase 156 comunidades.
Em resposta à necessidade de mobilização política para a titulação coletiva e a garantia dos territórios étnicos e do pertencimento, a ATEQUILA se formalizou como uma associação legal que pudesse receber a titulação de terras e gerir o território após o reconhecimento de Alcântara como território étnico pela Fundação Cultural Palmares (FCP), em conformidade com o Decreto Decree 4.887/2003.
Hoje, a ATEQUILA continua a trabalhar com outras organizações e movimentos, como o STTR, MABE e MOMTRA, para avançar na titulação coletiva e proteger as redes de pertencimento baseadas na identidade étnica [fonte].

Mural do Quilombola em casa de reggae no Quilombo urbano da Liberdade, Maranhão © 2024 Cat Diggs
MABE
O Movimento das Trabalhadoras Rurais de Alcântara (MOMTRA), que se estende bem além de sua formação formal em 1992, mobilizou a igualdade de gênero dentro da estratégia de organização comunitária dos Quilombos e na luta por território e identidade. Especificamente, o MOMTRA surgiu para empoderar as mulheres na estrutura, às vezes desafiadora e exclusiva, dos trabalhadores rurais dentro do STTR; as trabalhadoras rurais não podiam se filiar ao sindicato até o início dos anos 1980. Reconhecendo a necessidade crescente de serviços de saúde para mulheres, cuidados preventivos e promoção do autocuidado, o MOMTRA também promove o espaço e a educação para o bem-estar e maior acesso à saúde, visando melhorar a qualidade de vida das mulheres em Alcântara.
Os esforços do MABE expandiram o movimento para o cenário internacional, obtendo apoio e solidariedade em suas lutas coletivas globalmente. Mais de 150 comunidades fazem parte do MABE, que proporciona um espaço para diversas perspectivas e discussões sobre a luta territorial em Alcântara, criando, assim, um rico mosaico de capital político e poder coletivo [fonte].

Vista aérea de um rio em Alcântara, Maranhão © 2024 Davi Pereira Júnior
MOMTRA
O Movimento das Trabalhadoras Rurais de Alcântara (MOMTRA), que se estende bem além de sua formação formal em 1992, mobilizou a igualdade de gênero dentro da estratégia de organização comunitária dos Quilombos e na luta por território e identidade. Especificamente, o MOMTRA surgiu para empoderar as mulheres na estrutura, às vezes desafiadora e exclusiva, dos trabalhadores rurais dentro do STTR; as trabalhadoras rurais não podiam se filiar ao sindicato até o início dos anos 1980. Reconhecendo a necessidade crescente de serviços de saúde para mulheres, cuidados preventivos e promoção do autocuidado, o MOMTRA também promove o espaço e a educação para o bem-estar e maior acesso à saúde, visando melhorar a qualidade de vida das mulheres em Alcântara.
Desafiando diretamente os sistemas patriarcais profundamente enraizados que muitas trabalhadoras rurais enfrentam na comunidade e através da violência estatal do Centro de Lançamento de Alcântara, o MOMTRA colabora com o STTR, o MABE e outros afiliados para fortalecer a luta pelos direitos territoriais sob a perspectiva da igualdade de gênero. Ao expandir além dos limites dos papéis assumidos e muitas vezes restritivos para as mulheres, o MOMTRA oferece um caminho para que as mulheres das comunidades Quilombolas continuem a participar da luta que surgiu do patriarcado. Recentemente, o MOMTRA ampliou seu ativismo para abraçar as mulheres trabalhadoras que vivem no centro urbano de Alcântara [fonte].

Vista aérea de uma casa quilombola em Alcântara, Maranhão © 2024 Davi Pereira Júnior
STR
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcântara (STTR) foi fundado em 1971 para defender a garantia dos direitos dos trabalhadores – e também possui uma história robusta de defesa do território Quilombola diante do deslocamento. Fundado quase uma década antes de mais de 62.000 hectares de terras serem confiscados das comunidades Quilombolas pelo governo para construir o Centro de Lançamento de Alcântara, o STTR foi uma das principais organizações controladas e lideradas por moradores das comunidades impactadas, aproveitando o capital político e o poder de mais de 35 delegados sindicais em três territórios Quilombolas, incluindo cerca de 200 comunidades Quilombolas. A vasta rede do STTR abrange muitas aldeias dentro das comunidades Quilombolas. Ele catalisa o capital político e social daqueles que estão na linha de frente para mobilizar comunidades e fortalecer sua posição, gerando assim reconhecimento de agências governamentais e legitimando "reivindicações invisíveis", além de pressionar as autoridades brasileiras a cumprir tratados infraconstitucionais, como a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada em 2002 pelo governo brasileiro. O STTR de Alcântara continua a ser um defensor influente dos direitos territoriais e identitários das comunidades Quilombolas, defendendo seu direito à titulação coletiva da terra perante órgãos internacionais como a Corte Interamericana de Direitos Humanos (IACHR)[fonte].